Entrevista com Denise Kremer
Denise Kremer é pesquisadora de fotografia em São Paulo e atua no mercado editorial desde 1997. Tendo trabalhado com processamento de imagens para os principais grupos editoriais do Brasil nos últimos 25 anos – e usando uma solução DAM para gerenciamento de imagens por mais de 20 – ela tem um profundo conhecimento dos padrões e protocolos para lidar com conteúdo digital.
Como o volume de conteúdo gerado vem crescendo exponencialmente na era digital, Denise destacou a importância dos metadados na gestão consistente de imagens. Neste ano, ela se tornou membro individual da organização IPTC com a intenção de ajudar as empresas brasileiras a lidar melhor com metadados em imagens.
O que é IPTC?
Fundado em 1965 e sediado em Londres, o IPTC surgiu da necessidade de garantir que texto e imagem permanecessem interligados. À medida que a fotografia avançava para a era digital, era comum que uma foto perdesse sua legenda ou crédito ao ser transmitida eletronicamente. O principal objetivo do IPTC é desenvolver e promover padrões da indústria para a troca de dados. A organização lida não só com fotos, mas também com a padronização de vídeos.
Porque você decidiu ser membro do IPTC e qual a sua responsabilidade?
Decidi me associar porque acredito que a padronização deveria ser mais conhecida no Brasil. É comum que uma empresa escolha como usar os campos de acordo com suas necessidades internas, mas muitas vezes isso compromete a interoperabilidade – que é visa a garantir que as informações sejam lidas corretamente ao mudar de software/plataforma. A propósito, no site, temos três testes de interoperabilidade interessantes que todos podem usar.
O IPTC também criou uma tabela comparando os metadados de fotos em sites de mídia social, onde podemos ver como Facebook, Flickr, Dropbox, Instagram e Google Fotos, entre outros, lidam com metadados em imagens. Com esta tabela, você consegue ver como ainda há muita discrepância no tratamento de metadados. E há muito mais no site da instituição, com acesso aberto ao público em geral.
Qual o papel dos metadados no gerenciamento de imagens?
Os metadados são fundamentais no gerenciamento de imagens. É através deles que garantimos que as informações contidas na imagem sejam lidas corretamente. Permitem também a correta inclusão de novos dados. É aqui que entra uma solução DAM: ela garante o controle da indexação, fluxo de trabalho, versões e acesso seguro às imagens.
Como uma solução DAM pode ajudar no gerenciamento de imagens?
Outro aspecto é o compartilhamento entre as áreas. O processo produtivo deixa de ser linear e uma solução DAM, que permita o acesso simultâneo para diversas equipes, significa maior eficiência.
Imagem de Denise Kremer. Editor do FotoStation mostrando os dois novos campos de acessibilidade, apresentados pelo IPTC durante a última Conferência em 2021. Browsers, software e plataformas precisarão ser atualizados e/ou configurados para serem capazes de lê-los.
Que tipo de indústrias podem se beneficiar com um DAM?
Usei a solução em várias empresas diferentes do setor editorial. No ano passado, enfrentei meu desafio mais difícil com um sistema DAM: instalar e configurar a plataforma do zero dentro de uma editora completamente nova durante a pandemia do coronavírus. Tivemos que compor e treinar as equipes para produzir todo um acervo de livros didáticos em um período muito curto, remotamente. Projetamos um fluxo de trabalho para pesquisadores de imagens, ilustradores, cartógrafos, revisores e editores. Foi um projeto extremamente rápido e muito bem sucedido.
Imagem de Denise Kremer. Página do IMS – Instituto Moreira Salles.